quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pequenas por opção

Por Stéphanie Bollmann e Taís Ahouagi

A 11ª edição do Cenas Curtas está aí e, para os pouco familiarizados com o festival —e talvez até para quem já o acompanha—, pode surgir uma dúvida: por que curtas? Afinal, qual a vantagem de impor o limite de 15 minutos por cena em vez de realizar peças longas, com uma, duas horas de duração?

O coordenador geral do Galpão Cine Horto, Leonardo Lessa, explica que a opção tem a ver com o objetivo do festival. “As criações apresentadas têm caráter experimental, de inovação de linguagem, feitas por artistas tentando vivenciar um novo caminho ou proposta. É aí que o tempo reduzido ajuda”. Outra vantagem apontada é que o formato do festival cria a possibilidade de reunir uma grande diversidade de linguagens em curto espaço de tempo. Tanto em relação às cenas, quanto à duração do próprio festival, que é de cinco dias.

Para quem pensa que a peça reduzida é mais fácil, uma surpresa. As atrizes Camila Jorge, Karina Pereira e Patrícia Ramos, que vão apresentar a cena “Eu tu elas”, afirmam que o principal desafio é justamente a restrição do tempo. “No início, a gente estava preocupada em não preencher os 15 minutos, mas, quando começou a criar, a gente passou a se preocupar em como conseguiria fazer uma cena em menos de 15 minutos”, conta Karina, que também é a diretora.

A preparação da cena curta exige trabalho tão árduo ou até mais do que o de um espetáculo de longa duração. Além de ter o mesmo preparo e comprometimento, requer grande poder de síntese. Aqueles poucos minutos precisam conter início, meio e fim; a cena tem que ser, por si só, um espetáculo. Para Leonardo, a principal diferença está na dramaturgia da peça, “no encadeamento das ações dramatúrgicas que vão gerar o resultado final. Eu vejo que é mesmo um desafio de síntese para quem está compondo o trabalho”, diz.

As meninas do “Eu tu elas”, que são de Curitiba, vão apresentar uma cena de palhaço, e Camila, que também é a produtora, explica que essa é uma dificuldade a mais, já que o palhaço é uma personagem tipicamente interativa: “o palhaço sempre vai pelo caminho mais longo. A gente até tentou fazer a cena ainda mais curta para o caso do palhaço resolver dar uma volta”.

Outra preocupação no Festival de Cenas Curtas é que o espectador tenha um tempo de se recuperar de uma cena para partir para outra. Como o tempo entre elas é muito reduzido, a organização do festival cria alguns artifícios para relaxar a platéia, como a música e a venda de bebidas no intervalo, que ajudam a preparar o público para a próxima cena.

2 comentários:

  1. Isso mesmo, meninas! Creio que a relação entre o cenas curtas e uma peça mais longa deve ser como entre o conto e o romance. A verdade é que uma síntese só é boa se ela se remeter a um conteúdo completo, substantivo.
    Graça Ferreira

    ResponderExcluir