sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morte irreverente em O funeral

Por Vanessa Ferraz

Um misto de dança, irreverência, excelente atuação e interação com o público. Foi assim, O Funeral, a cena que abriu a 11ª edição do Festival de Cenas Curtas. Apontando a normalidade de um acontecimento que abala a todos os seres humanos, a palhaça Umbigolina nos faz enxergar o lado inverso dessa situação cotidiana da vida. Em 15 minutos, ela empolga com sua alegria e conteúdo dramático; em meio a espirros e expressões corporais, manifesta, ao público, a idéia de que a morte pode não ser algo tão ruim assim. “A morte é apenas uma fase, para mim é encantador trabalhar com esse tema através do clow. É uma maneira de perder o medo, de colocá-la com jocosidade, lirismo. É uma forma de diminuir esse peso que ela carrega”, diz Joice Aglae, a atriz amazonense criadora Umbigolina.

Utilizando um vestido verde, pulseiras barulhentas, máscara e cabelos ouriçados, a palhaça trás vida a um tema fúnebre, tocando além de sua caixinha de músicas, também o público no Galpão Cine Horto. “Trabalho com a máscara, que já é a morte do ator. O ator tem que morrer para a máscara viver”.

Com mestrado acadêmico em clow, a atriz acredita na célebre frase do francês Antoine Lavoisier: “Na natureza nada se perde nada se cria, tudo se transforma”. A tese dela aborda o que chama de DNA imaginal, ou seja, “os genes que se perpetuam desde a antiguidade, através de expressões lúdicas, não obedecem limites”.

Um comentário: