quinta-feira, 17 de junho de 2010

Elemento essencial

Por Samara Horta

Já ouviu falar que sua roupa diz muito sobre você? Pois é, no teatro ela pode informar tudo, sem soltar uma só palavra. Considerado um conjunto de elementos visuais, o uso do figurino é uma referência direta ao corpo do ator e a cena. Não pense que é só uma questão de roupa, os acessórios complementam o vestuário. Objetos que variam de máscaras, jóias e espadas até armas, penas ou elementos inesperados.

A escolha da peça ideal nunca é alheia. A roupa deve ser um prolongamento da encenação ou coreografia do espetáculo, tanto de forma física como emocional. E o movimento da vida ao figurino, criando uma identidade visual. No 1° dia de Cenas Curtas esse instrumento foi um ator a mais em palco. “O Amor está na moda”, por exemplo, usa um pano com as mesmas cores que os personagens, sempre de forma a dançar. Era a ligação entre eles, que brincavam juntos em uma conquista constante.

A segunda cena foi “Fábrica de Cimento”, que apesar de arrancar risos da platéia, trata de um tema forte. A escolha foram cores frias, dentro de um clima sempre cinza, como pedia a atuação. A 1999=10, cuidou de um elemento presente na repetitiva frase “Realmente! De terno tudo fica mais fácil”. E adivinhe o figurino ideal? Sim, os ternos viraram símbolos de uma mensagem: “a armadura do homem atual”. A última cena, “A casa do sol”, traz a loucura e a intensidade nos figurinos. Uma imagem religiosa debochada; um Deus em cena, o enfermeiro; a cor apagada no momento triste, contratando com a música alta; o vermelho vibrante de quem quer gritar; e até a ausência de figurino.

Dependendo da escolha das roupas que vão entrar em cena, pode-se acabar com uma apresentação. No teatro, cada espaço, cada item é parte essencial. É como uma trilha de dominó: derrube uma, derrube todas. O Cenas Curtas continua. Não deixe de observar os próximos espetáculos.

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