terça-feira, 23 de junho de 2009

Linguagem não-verbal e muitas risadas são os destaques do terceiro dia do Festival de Cenas Curtas


Flora Pinheiro
Larissa Souza

No terceiro dia de apresentações do 10º Festival de Cenas Curtas, uma cena se repete “Boxe com Palhaçada” e como ocorreu no primeiro dia, provoca muitas risadas na platéia. O destaque dessa cena foi a "palhaça chorona" que ao lamentar o amor perdido, arranca do público boas doses de gargalhadas. Pra completar, os expectadores são chamados para ajudar na construção de um ringue humano
e o texto ganha citações de elementos e nomes das cenas que foram apresentados nos outros dias do Festival. A técnica do improviso dominada pelos atores, extrapolou fronteiras e conquistou o público mineiro, enfim se tornou mais uma ação bem sucedida do Festival de Cenas Curtas.
A cena seguinte foi “Todos os Animais São Iguais, mas Alguns Animais São Mais Iguais que Outros”, com um clima tenso revelado através da trilha sonora e das expressões faciais dos atores. A cena dirigida pelo diretor Luiz Carlos Garrocho, pode não ter sido a que mais agradou o público, mas, em compensação, foi a que mais se arriscou. Através de elementos do teatro físico e imagens visuais, o trio de atores mostra o que haviam se comprometido a fazer, substituem a linguagem verbal e abrem a discussão de suas incertezas e medos.
As palavras também foram dispensadas pelos curitibanos da Companhia do Ator Cômico, com a cena “Dia de prova”, onde o bom e o mau na escola, foram apresentados através de máscaras, expressões gestuais e muito bom humor. Sem a linguagem verbal e facial, o entendimento fica por conta da interpretação das bem trabalhadas expressões corporais e da divertida trilha sonora, que dão o tom da apresentação. A máscara teatral é uma das bases de pesquisa da Companhia, que ao explorar mais da capacidade de interpretação de seus atores, conquista a platéia também pela criatividade. A cena, foi uma das mais aplaudidas pelo público que ,sem dúvida, se identificou com a história.
A quarta cena da noite foi “A Mudança”, produzida pelos jovens atores da Cia. do Chá, que participa pela primeira vez do Festival. O grupo formado por estudantes do curso de teatro do Palácio das Artes, revelou-se maduro e presenteou os espectadores com um texto inteligente, inspirado livremente na obra “A Metamorfose”, de Franz Kafka. A boa interpretação dos atores conseguiu se destacar da trilha sonora, que apesar de boa, estava muito alta, dificultando, em alguns momentos, o entendimento das falas. O resultado pode ser resumido nos calorosos aplausos no fim da apresentação, um sucesso.
Para fechar a noite de sábado, os mineiros de Ipatinga trouxeram para o palco a cena “Primavera”. No meio da movimentação de uma feira livre, três personagens vivem situações que os remetem às lembranças do passado. Várias primaveras são colocadas em cena, como em um flash back e suas memórias são discutidas em cima de um tapete vermelho. A técnica utilizada foi criada pelo britânico Peter Brook, carpet show, onde qualquer espaço pode virar um palco. Sem cenário, a atenção se remete exclusivamente ao texto e a interpretação dos atores, que conseguem fazer uma boa apresentação, porém sem muitas chances na disputa de melhor cena.

Leia também a cobertura dos ensaios das cenas “Todos os Animais São Iguais, mas Alguns Animais São Mais Iguais que Outros” e “A Mudança” - A Arte dos Bastidores, na seção O Que Vem Por Aí...

2 comentários:

  1. Assisti ao Cenas curtas no sábado. Sempre vou ao teatro e creio que sei apreciar um bom espetáculo, embora nada entenda de teoria, pois não sou crítico teatral. Feito tal preâmbulo, confesso que não consegui ver na cena "Todos os animais são iguais..." tudo o que foi dito aqui: tensão, expressão facial dos atores, onde tal cena se arrisca...Fora o veborrágico título, pelo contrário, o que vi foi uma cena patética e desenhada por clichês, com tiros de festim e corpos pipocando no chão. Se era uma experimentação, para mim deu errada. O sábado foi marcado pelas cenas "Dia de Prova" e "A Mudança", que, não foi à-toa, as que mais agradaram ao público.

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  2. Discordo totalmente do João. Fiqui ligadíssima com a tensão da cena, os objetos e o jogo dos atores. O trabalho realmente é de difícil digestão, mas honesto, limpo e ousado. Na minha opinião, a experimentação foi feliz. Muito bem sucedida. Viviane

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