sábado, 20 de junho de 2009

Corpo fechado: a entrega ao teatro.


Por Mónica Herrera

Nesta cena foi possível assistir a um espetáculo completo: poesia, música, dança, absurdo, domínio do corpo, uma entrega absoluta dos atores aos 15 minutos. Alexander de Moraes e Priscilla Duarte se desdobraram em Mário de Andrade e toda uma série de mestres numa coreografia maravilhosa, óculos que passavam, expressões faciais marcantes. Os criadores exploraram um certo viés etnográfico e a “vontade de rir”, traduzida em várias linguagens corporais, tais como dança contemporânea, por exemplo.

Nessa espiral de elementos diversos, de tanta cultura e mistura, a cena risca: a lua. En-tu-piu- a-pia! Aposta na música, no simbolismo, em Andrade, no lirismo. Seria uma ruptura? Será que a gente não tolera rupturas na continuidade das obras? Difícil, estamos acostumados a viradas mais radicais ainda.

O escritor argentino Ernesto Sábato afirma que acreditar em duas formas de mostrar uma “erudición irritante”: “una, acumulando citas, y otra, no haciendo ninguna.” A lua levou a cena ao ponto de saturação. Ainda assim, Corpo Fechado é um experimento maravilhoso.

5 comentários:

  1. Mas que de "dança contemporânea" seriam "ritmos pop" os que levaram malhormente à gargalhada.

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  2. Aplausos para a competente atuação de Alexander Moraes e Priscilla Duarte, o tempo de comédia natural que despertou o riso sincero da platéia, o cuidado com a iluminação, figurino e movimentação cênica e a dinãmica troca de atores, rápida e constante,incorporando (literalmente)os personagens que compunham o texto,sobretudo Mario da Andrade. Destaque especial para a surpreendente aparição da "sereia" com sua leveza de gestos, sensualidade de movimentos e beleza plástica. Sem exagero, uma combinação perfeita entre talento e o profissionalismo experiente do Grupo Diadokai através de sua longa estrada, pelo Brasil e pelo Mundo, apresentando a qualidade inquestionável dos espetáculos sob a competente direção de Ricardo Gomes. - ANNA GURGEL

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  3. Prezada Anna, obrigada pelo comentário. Sobra dizer, que lua ou sereia, não compartilho seu lugar de destaque, mesmo compartilhando a consideração da elegância e beleza plástica da peculiar personagem. As vezes o silêncio ou a escuridão, dão ao espeitador mais tempo e espaço de fruição da cena, sobretudo quando esta é muito potente. [fica claro que estamos falando de um patamar de excelência que não esta colocado em discussão]

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Obrigada, Monika por suas observações interessantes que me fizeram perceber o quanto fui traída pelo meu entusiasmo. Mas, realmente, minhas observações saíram apenas do coração porque mais competência não tenho para fazer outra forma de julgamento sobre um trabalho que me encantou. Isso sem deixar de dizer que outros também me tocaram e todos são motivo do meu aplauso e da minha admiração pela iniciativa do Galpão e pela criatividade e talento dos que se apresentaram no Festival.

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